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Foto do escritorVinicius Cabral

Cruzeiro rebaixado: quem perde com isso?


O telão do estádio resumia bem o episódio.

O Cruzeiro Esporte Clube, um dos maiores clubes de futebol de Minas Gerais, estava oficialmente rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, naquela tarde de domingo (9/12), diante da sua torcida, jogando na sua própria casa.

O Rebaixamento aconteceu em consequência do pífio desempenho da equipe ao longo de toda a competição, onde finalizou na 17ª posição, entre 20 participantes.

O fato, ao mesmo tempo que gerou revolta em alguns torcedores do time que promoveram depredações no estádio do Mineirão, trouxe uma estranha e exacerbada euforia em parte das torcidas adversárias.

Serenados os ânimos, além de tantas perguntas acerca de como um clube com tantas conquistas, chegou a esse ponto, numa competição onde havia outras equipes hipoteticamente muito mais fracas e com menor tradição, uma reflexão se faz necessária: quem mais perderá com isso?

Fico impressionado com a "ingenuidade" individualista do torcedor de futebol no Brasil, que não percebe as amplas consequências desse acontecimento para ele próprio, mesmo que o prejudicado direto tenha sido o time adversário! O mesmo talvez, aconteça em outras partes do mundo; não sei! Falo do Brasil.

Assim como acontece em alguns fatos ligados à política e às religiões, ao entrar em êxtase com a punição do rival -visto como inimigo e não adversário - alguns torcedores fanatizados não se dão conta dos prejuízos que virão a reboque desse acontecimento aparentemente simples.

Comecemos pela própria imagem do clube e do futebol no SEU estado:

Qual o investidor, torcedor, patrocinador ou outra equipe de grande reputação irá se interessar por um clube da segunda divisão para compor a programação do seu calendário financeiro? Não haverá a mesma visibilidade de uma primeira divisão. Dificultam-se nesse caso, as contratações e os investimentos.

Com isso, prejudicadas ficam também, as categorias de base. E consequentemente, os campeonatos dos mais jovens ficam esvaziados de investimentos e de talentos. O que também traz prejuízos para as gerações e temporadas futuras. Isso sem mencionar o incentivo às crianças e a novos adeptos desse esporte que já foi o maior celeiro de jogadores do planeta.

Em seguida, perdem-se os espetáculos, que ficam empobrecidos de qualidade, no próprio estado e na cidade, o que sensibilizará toda a cadeia produtiva em torno dessa atividade.

A começar pela produção de material esportivo, camisas, calções, faixas, bandeiras, brindes, etc, envolvendo seus respectivos fabricantes, comerciantes, fretes, lojas, vendedores comissionados, todos sofrerão os reflexos.

Perdem também o turismo esportivo, as redes hoteleiras, bares, restaurantes, eventos culturais, transportes, agências de turismo, vendedores ambulantes, além da queda do intercâmbio com outras culturas regionais, embora esse seja, por ironia, um dos poucos pontos positivos. A partir da descida de categoria, poderá haver um maior contato com a cultura das regiões mais pobres do país, como o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que tem a mais representantes na "Segundona".

Todas essas perdas causarão ainda, queda na arrecadação de impostos para estado e municípios, ou seja, menos dinheiro para as prefeituras, governos e investimentos para a população -essa mesma que festejou o fato.

Enfim, embora reconheça que essa seja a regra justa da competição, não me parece ser motivo para se comemorar de forma tão irracional, um fato que acarretará tantas perdas, em tantas áreas da sociedade, para não citar aqui, a demanda provocada por serviços de saude e segurança pública.

Ah! Mas, isso não tem importância; o importante é "zoar" o adversário!!! Vamos comemorar! dirão alguns.

Infelizmente, essa é a mesma forma irrefletida como são vistos alguns acontecimentos no campo das decisões política e religiosas no Brasil, áreas que mexem mais com a emoção do que com a razão.

- Não importa que a minha agremiação perca, que o prejuízo aconteça, que morram pessoas, ou que se quebre o patrimônio público; o importante é que O OUTRO, O MEU ADVERSÁRIO esteja pior do que eu... e quanto pior ele estiver, melhor, mais eu comemoro! - assim se justificam muitos.

Triste Brasil do fanatismo; triste postura humana!!!

Humana? Não sei!

Fiquei aqui pensando... só pensando!!!!


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