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TERRITÓRIOS (in) SONDÁVEIS - Fronteiras da pós-modernidade

  • Foto do escritor: Vinicius Cabral
    Vinicius Cabral
  • 24 de nov. de 2019
  • 3 min de leitura

No senso popular, fronteiras significam divisores entre dois lugares. E lugares são espaços habitados por seres que tomam a decisão de ocupa-los de alguma forma, com alguma finalidade.

Quanto a maneira de ocupação desses espaços poderemos observar dois tipos principais que seriam as ocupações físicas, geográficas, espaciais e as virtuais, que seriam abstratas.

A compreensão de uma forma de ocupação física é bem tranquila de se entender, visto que é material, palpável, concreta. Mas, e as outras, as virtuais, como se formam e se ocupam espaços abstratos?

Para se estabelecer uma dominação em um determinado território, lembremos inicialmente, os antigos colonizadores e descobridores de terras novas, das grandes navegações do passado, que ao aportarem em um determinado lugar, fincavam suas bandeiras para demarcar propriedade. Era a determinação de um poder simbólico que se estabelecia naquele espaço, onde qualquer invasor teria que se defrontar com o novo senhor daquele território. Um território geográfico, sendo anunciado por um símbolo que, embora tenha características físicas, é carregado de significado.

Mais tarde, essas mesmas demarcações de poder nas fronteiras foram estabelecidas por tratados internacionais, assinados entre nações e reconhecidas pelas comunidades mundiais através de documentação e coordenadas precisas.

Não obstante tais avanços estruturais nos arranjos do espaço mundial, um elemento que sempre se estabeleceu como sustentador de qualquer território foi o poder. Nenhum espaço se sustenta como território se não houver um poder dominante para garanti-lo. Tal poder, por sua vez, mantém-se muitas vezes, de forma tácita, subjetiva, sendo percebido efetivamente, somente quando houver uma força contrária, ameaçando a sua existência. Ou seja, a existência de um território cria por consequência, uma constante tensão entre um poder e um contra-poder, forças antagônicas agindo, no sentido de transformá-lo novamente em espaço primitivo, buscando o retorno à naturalidade. São as relações de poder que envolve entre outras forças, a da Natureza.

A ocupação de um espaço poderá dar-se também, de forma ideológica, que nesse caso, justificará a sua ocupação física. A dominação de um território físico só se mantém, enquanto os detentores do poder dominam a ideologia da força vigente, quer seja pela autoridade, quer seja pela regras ali constituídas em algum momento da sua história, de forma lícita ou ilícita, democrática ou não.

Mesmo em situações de paz - não belicosidade - as relações de poder permanecerão existindo.Não se trata necessariamente de conflitos e sim de estabelecimento de uma hierarquia de decisões e mandos. Vejamos o caso por exemplo, de instituições que operam com trabalhos voluntários, ONG's ou mesmo instituições religiosas. Para o seu funcionamento social, é necessário existir uma diretoria constituída e registrada juridicamente, que definirá a direção do seu funcionamento. Sem uma documentação jurídica, o seu funcionamento estará sujeito a uma série de privações para participar de espaços legais exigidas pelo Estado e receber uma série de benefícios, inclusive de proteção contra eventuais investidas de outros poderes contrários. Nesse caso, a diretoria exerce um poder sobre os seus voluntários e por sua vez presta obediência às Leis do Estado.

No âmbito interno dessas instituições, por mais participativa que seja a agremiação, haverá sempre um direcionamento sendo dado por um grupo dominante que determinará as ações que deverão ser praticada pela instituição. E por mais democrática que possa parecer, haverá sempre o poder da decisão sendo exercido, quer seja pelo principal gestor, quer pela ideologia ou manuais da crença ali defendidas. Em nome de "lideres ideológicos", espirituais ou crenças e preceitos defendidas por esses, são exercidas as lideranças, inclusive impondo punições físicas (exclusões) ou psicológicas (medos e ameaças). A clareza de percepção dessas relações em todos os espaços em que se transita, dará ao indivíduo social uma maior tranquilidade para agir de forma ética e consciente nas suas tomadas de decisões e em cada ambiente em que estiver. Facilitará a sua compreensão das intenções e poderá ajudar nas decisões envolvidas no seu âmbito de ação. E isso valerá para todos os espaços onde o Ser humano transitar, quer seja no lar, no trabalho, na religião, na via pública, em contato com a natureza. Perceberá que sempre estará em contato com esse poder, ora sendo seu executor, ora sendo subjugado por ele.

Vinicius Cabral Mestre e Especialista em Gestão Integrada do Território Jornalista e Produtor Cultural

 
 
 

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